Os homens jovens americanos enfrentam dificuldades.
Estatísticas não faltam. O número de conquistas acadêmicas, níveis de renda, solidão e até a falta de sexo indicam que os meninos não estão bem. E, em comparação com as mulheres jovens, os homens estão ficando para trás.
Mas é difícil até mesmo conversar sobre como lidar com esta crise dos homens jovens. E a discussão pode fazer as meninas se sentirem, digamos, excluídas.
Afinal, as mulheres jovens e adultas já enfrentam desvantagens estruturais há séculos. Será que elas não merecem, finalmente, um momento para poderem brilhar?
Acrescente-se a este panorama as pessoas mal-intencionadas presentes na internet, que tentam transformar as dificuldades dos homens jovens em um grito de vingança contra as mulheres — e a conversa fica ainda mais difícil.
O professor Scott Galloway, da Universidade de Nova York, vem tentando trazer esta discussão para um espaço mais positivo, tanto para os homens quanto para as mulheres. Por isso, ele se tornou uma figura de destaque na imprensa.
Galloway apresenta diversos podcasts, incluindo Lost Boys, que estreia em maio. Ele também é consultor do Partido Democrata americano e irá lançar um novo livro intitulado Notes on Being a Man.
Em entrevista à BBC, Galloway discute os impactos dessa crise nos homens jovens e, indiretamente, nas mulheres.
Crise de identidade e papel dos homens
Galloway aponta estatísticas preocupantes: homens têm 4 vezes mais chances de cometer suicídio, 3 vezes mais de se tornarem dependentes químicos, 12 vezes mais de serem presos e apresentam níveis recordes de depressão. Além disso, a falta de relacionamentos amorosos prejudica fortemente a saúde mental dos jovens homens.
Segundo ele, as mulheres jovens têm avançado e se tornado mais viáveis financeiramente e emocionalmente — e os homens não têm acompanhado esse progresso.
Impacto nos relacionamentos
Katty Kay observa que, mesmo quando mulheres ganham mais que seus parceiros, ainda há resistência cultural. Galloway ressalta que muitos homens não compensam essa diferença assumindo mais tarefas emocionais ou domésticas. Como resultado, muitas mulheres estão deixando os relacionamentos.
Redefinindo masculinidade
Galloway propõe uma nova definição de masculinidade com base em três pilares: provedor, protetor e procriador. Ele enfatiza a importância dos homens assumirem responsabilidade econômica, agirem como defensores da sociedade (inclusive das minorias) e canalizarem o desejo sexual de forma construtiva.
Possíveis soluções
Ele sugere medidas como aumento do salário mínimo, criação de programas vocacionais, serviço nacional obrigatório e o incentivo à socialização dos jovens. Em tom humorado, defende que “os jovens precisam sair mais e até beber mais”, como forma de combater o isolamento.
Empatia como base para o progresso
Galloway finaliza destacando que essa não é uma conversa excludente. É possível reconhecer tanto o avanço feminino quanto a crise masculina. A empatia, segundo ele, deve ser o ponto de partida para reconstruir pontes e criar uma sociedade mais equilibrada.
Fonte: BBC News Brasil
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