Percebemos com esta pandemia, da forma mais dolorosa possível, que é na crise que as pessoas se reinventam,
que o esforço (aliado à criatividade) que traz os resultados e dá amplas chances de melhoras quando a situação
atinge o nível crítico. Então, hora de mudanças em nós, como pessoas e profissionais.
O profissional que pretende sobreviver no mercado precisa aprender a se reinventar, porque não basta se adaptar
e atuar na mesmice, com algumas saídas paliativas. O momento é de perceber tendências futuras, se aliar à
tecnologia e às redes de contato e abrir novos campos de atuação. E com toda essa tragédia trazida pela pandemia
e por governos incompetentes, por pessoas irresponsáveis que insistem em aglomerar, com mais de 400 mil mortes
e esta conta macabra subindo diariamente, com a economia em frangalhos por inércia de todos os setores do
governo que desprezaram solenemente não só a Pandemia, mas também a Educação, não há chances de manter
praticamente nenhum ofício como se nada tivesse acontecido.
Essa transformação depende de cada um, de como o profissional se percebe: como alguém que dirige o seu
futuro e nele consegue agir e determinar os rumos de sua carreira e das formas de atuação ou se pretende
apenas deixar tudo como está para ver como é que fica. Essa ideia de não protagonizar a própria história,
de depender dos outros sempre deu errado. Portanto, esse é o momento de nos aliarmos à tecnologia, sim.
Mas sem esquecer de nos unirmos a pessoas, a grupos, a novos coletivos, porque vimos que isolamento gera
estresse e, sozinhos, nada conseguimos de bom. Não temos mais grandes gênios, grandes expoentes, sabe
por quê? A genialidade atual é coletiva!
A hora é de nos unirmos a pessoas com bons propósitos, novas ideias, gente dinâmica, ágil, que se adapta
e vibra quando tem desafios. É uma postura nova, de se preparar coletivamente, em várias frentes,
não apenas no seu ofício, não apenas com profissionais de sua área, mas com todos aqueles que,
com saberes múltiplos, possam abrir portas, te dar a mão e que confiam na sua capacidade de
ajudar e fazer a diferença.
Somos profissionais da Saúde e da Educação que, do mesmo modo como as demais profissões (que já descobriram
esta nova realidade), necessitamos cada vez mais de observar as pessoas e suas relações, as novas formas de
aprender, de ensinar, de trabalhar os novos contextos, as consequências do isolamento social e do estresse,
pelo desgaste de professores, pais e alunos. Isso significa que nós, psicólogos, psicopedagogos, pedagogos
e professores em geral, somos os profissionais que vão identificar e vivenciar mudanças tão variadas na
forma de interagir e de aprender que não poderemos ficar indiferentes à necessidade de compreensão e de
preparo para, de fato, termos êxito em nossa missão de educar e transformar vidas através da Educação.
A Educação precisa olhar para o futuro, de verdade, não apenas como uma retórica abstrata de algo que vai
chegar. O futuro chegou. Somente se constrói um futuro de sucesso com o presente sendo bem feito. Sempre
digo em minhas palestras que o futuro é o conjunto de presentes bem feitos a cada momento. A economia
mudou, a forma de gerar renda vem mudando, as profissões novas chegando, trabalhamos menos e rendemos
mais. As novas gerações parecem perdidas, quando olhamos pela nossa forma de ver o mundo, mas os
percebemos ágeis e organizados dentro de suas realidades digitais, assim que olhamos com as lentes
com as quais eles enxergam a própria práxis: lentes plurais, de gente capaz de pensar rápido e mesmo
sem aprofundar, lateralizar os temas, uma ótica multidisciplinar, delegando ações para quem sabe melhor
de algum tema ou área. Facilitar, eis a palavra de ordem.
Ninguém está errado querendo ser rápido e pouco profundo. O mundo anterior possuía muito aprofundamento
em questões que na verdade, não precisam. E os mais jovens leram esta realidade.
Podemos até achar ruim, porque temos a mania de medir as coisas com nossas réguas, nossas medidas.
Se eu pego um telescópio antigo com lentes desgastadas, verei muito pouco dos céus e planetas.
Quando eu pego um telescópio moderno, verei detalhes que eu nem sonhava e poderei enxergar muito
mais longe. Assim é na forma como educadores, pais e profissionais que lidam com a Aprendizagem
devem entender o mundo onde nossas crianças e adolescentes estão interagindo: sob nossa ótica,
desgastada e programada para ver pelos valores de outras gerações, veremos um futuro sombrio e nos
sentiremos impotentes e perdidos. Se observarmos as novas gerações na forma como estão conquistando
o mundo, saindo do saber enciclopédico, não ligando para assuntos mais aprofundados sem necessidade,
agindo de forma mais direta e de modo mais cômodo possível é, para as gerações anteriores, assustador,
mas a capacidade de se regularem e adaptarem às novas contingências faz-nos enxergar uma luz nesse túnel.
Afinal, devemos nos lembrar que novas realidades exigem novas lentes. Nossa forma de ver o mundo
está “contaminada” por nossos hábitos e a maldita mania de criticar o novo, enquanto os millenials
estão se abrindo para enfrentar um mundo caótico (que nós pioramos, com nosso consumo excessivo,
com nossa preguiça de protestar) e vão tentar melhorá-lo. A nossa geração também foi criticada pela
geração anterior. Infelizmente, ainda os “mais velhos” estão no poder, com sua ganância e desprezo
pelo equilíbrio do planeta e a certeza de estarem sempre certos. A geração de meia idade está mais
conectada com os mais jovens. Ainda bem. As profissões precisam de jovens, não importa a idade, porque a
juventude está na mente aberta ao novo. Tecnologia e humanidade. Eis a receita. Como a sua profissão e a
sua visão de mundo vai colaborar para um mundo melhor? Apenas criticar? Se reinventar? Os dois? Mãos à obra!
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